O tempo arranca cada fragmento de sanidade da alma, cada vez que por aqui passa.

quarta-feira, 2 de março de 2011

O chão que eu piso é de arame farpado
Pintado com cacos
De metal amaçado.

Para não magoar os pés
Nâo tento sequer andar...
Fico pregado ao chão
Até me darem que calçar.

domingo, 27 de fevereiro de 2011

27.02.2011

Sentem-se os lábios secarem,
Como a carne apodrecem ao sol.
Já não se rasgam mais recados
Que daquele mar imenso...
Foram pescados.

Os dias acabam calados,
Prendem-me na alma gritos perdidos
E sangram os meus olhos magoados...
Enquanto me queimam os ouvidos.

E o cansaço é abatido sobre a rua:
Um sítio de sonhos vagabundos
Que congelados ou efémeros...
Tornaram-se pelo tempo imundos.

Este chão está sujo e gasto pelo tempo.
E as mãos traçam já o esboço
Daquele gesto perdido num momento
Enterrado até ao osso.