O tempo arranca cada fragmento de sanidade da alma, cada vez que por aqui passa.

quarta-feira, 2 de março de 2011

O chão que eu piso é de arame farpado
Pintado com cacos
De metal amaçado.

Para não magoar os pés
Nâo tento sequer andar...
Fico pregado ao chão
Até me darem que calçar.

domingo, 27 de fevereiro de 2011

27.02.2011

Sentem-se os lábios secarem,
Como a carne apodrecem ao sol.
Já não se rasgam mais recados
Que daquele mar imenso...
Foram pescados.

Os dias acabam calados,
Prendem-me na alma gritos perdidos
E sangram os meus olhos magoados...
Enquanto me queimam os ouvidos.

E o cansaço é abatido sobre a rua:
Um sítio de sonhos vagabundos
Que congelados ou efémeros...
Tornaram-se pelo tempo imundos.

Este chão está sujo e gasto pelo tempo.
E as mãos traçam já o esboço
Daquele gesto perdido num momento
Enterrado até ao osso.

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Entoam em pânico os ''porquês''

É como se a carne me fosse comida aos pedaços
E as palavras abafadas e espancadas
Como se me amarrassem os braços
E atirassem aos cães, de mãos atadas

É agora: que até a saliva me engasga
E o chão me fere com vidro os pés
E nesta alma podre e gasta
Entoam em pânico os ''porquês''.

E o meu corpo desidrata, e seca...
Até as lágrimas serem de sangue.
Tão suja e perdida mocidade...
Já nem há luz que lhe cante!

Traição... adultério, crime e ciume!
Levaste-me as palavras. Já nem tento.
A dor lacinante elevada ao cume
DE COSTAS VIRADAS AO TEMPO.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Ciume. Saudade. Falta.
Tortura em câmara lenta.

domingo, 19 de setembro de 2010

O tempo NÃO ajuda

Cada ''tic-tac'' do relógio entra nos meus ouvidos e me faz doer o cérebro. Cada vez que o ponteiro dos minutos se arrasta é como se a sua ponta fosse afiada e me trespassasse a carne. O passar das horas congela os sentidos, faz com que sejam dolorosos os movimentos. Quando o dia acaba e a noite chega, os pensamentos assombram e fazem doer ainda mais. Cada minuto, dia, segundo, e ultimamente, cada semana, custa. Não é como dizem, o tempo NÃO ajuda. O tempo arranca cada fragmento de sanidade da alma, cada vez que por aqui passa.

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

domingo, 25 de julho de 2010

E agora?


E agora cada um segue com o seu caminho, traçando o seu próprio destino. É tempo de mudar. Tempo de crescer, de descobrir. Tempo de deixar para trás. Afinal, passado é passado, e agora, tudo são apenas memórias. Posso um dia me vir a arrepender de muita coisa, mas talvez vá ser isso que me ajude a continuar com mais força e determinação ainda. No fundo, acho que fomos duas crianças a brincar com o amor. Mas agora é tempo. Tempo de partir.

(A fotografia é tirada por mim.)

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Doenças e curas

Em certos momentos da nossa vida temos de agarrar no presente e deixar aquilo que temos de mau para trás. A vida, realmente, é complicada, exige demasiada responsabilidade e dá-nos um baralho de drogas e doenças a que nós temos de encontrar a cura. Encontrar a cura pode custar, pode destruir o nosso tempo e desperdiçar a nossa energia. Por vezes, procurar a cura, leva-nos á doença. Passamos uma grande parte do nosso tempo a acreditar que um dia vai tudo voltar a ser como de antes, e que vamos voltar a sorrir e acreditar naquilo que parece improvável.

Aquilo que temos hoje, não é aquilo que tivemos no passado nem será aquilo que temos no futuro, por isso devemos jogar só com as cartas que temos no ‘’baralho’’ e não esperar que alguém nos atire mais umas quantas. Já tive no meu baralho a solução para grande parte dos problemas que tenho agora, e continuei a esperar que essas cartas estejam escondidas no meio das outras. E esperei. E elas não apareceram.

A complexidade da vida existe na responsabilidade que temos para connosco próprios de sermos felizes. Engolir todo o incomodo que as relações do presente têm e ‘’seguir em frente’’ não vai fazer de nós heróis como muita gente pensa. Seguir em frente ou não é relativo, nunca abandonamos partes que nós que ficam para trás. Mas, no entanto, aprendemos com as nossas experiências que fugir não nos torna mais fracos ou fortes. Fugir da dor e do medo em vez de os enfrentar é também um acto de coragem. Caso o façamos, temos de prestar contas a nós próprios e vamos acordar a pensar que fomos cobardes, mas não fomos. Fomos apenas corajosos o suficiente para ir embora do perigo e acarretar nas costas sentimentos de arrependimento ou culpa.

Posso fugir muitas vezes aos meus medos, e hoje é um desses dias. Mas isso não vai fazer de mim fraco nem forte. Vai apenas fazer de mim alguém que desistiu de aguentar com as esperanças e sonhos de que vou encontrar no meu baralho a carta que me vai fazer sair desta droga. Porque, apesar do passado ter sido uma parte de mim, já passou. Agora, toda a dor, felicidade, esperança ou outro momento que tenha passado… São só memórias.

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Fim.

ODEIO-TE e
NUNCA mais te vou perdoar
por me teres mentido, mais uma vez

domingo, 27 de junho de 2010

Saudade é a minha doença

De peito aberto à pedrada
Donde escorre sangue cor de malva
Há quem morra da doença
À quem morra da calma...

Há ainda
Quem fique à espera de uma resposta
Que corte o vento com um suspiro
Ou de uma alma que onde encosta
Aquece as veias como um tiro...

Pois de meu mal, ninguém sabe a cura
Dizem ''só o tempo te ajuda''
Mas nem o segundo de gelo arrasta...
Esta febre de dor nefasta!

Já cansei de esperar, que esse alguém voltasse
Trazendo um baú de memórias perdidas
Levadas pela corrente..
Por traições e mentiras!

Afinal, não me venhas bater à porta
Depois de enregelares em espinhos
Que o meu ódio ainda nota
Os meus punhos aqui sozinhos!

Como disse...
Há quem tenha de mal a febre
Ou tenha dolorosos ataques de ansiedade
Pois eu sou aquele que mais a teme
E que dela mais sofre: a saudade!

sábado, 22 de maio de 2010

A inveja é desgraça!

Oh miúda da esquina
Não queiras tu ser o outro
Nem ser dona do que ele tem
Pois a inveja é desgraça
Do coitado a quem vem.

Dizias tu ser o mundo em carne viva
De peito erguido e bandeira na mão
Mas despes a alma... é só ferida
Lúcida no espelho da ilusão.

Pensas que já sabes amar e beijar
Mas teus lábios são secos como o sal
E na controvérsia deste poema
Já lhe tentaste extrair o mal.

Agora vem ler vestida de preto
E encontra em minhas palavras, o medo
Rouba me a oração de carvão
Que é fogo que arde no rochedo
A que tu chamas coração.

Mas digo sem a mágoa que de mim sumiu:
Não há quem sinta, como este sentiu!

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Velho silêncio

Não sei porque não acreditar
Quando me dizes que o céu tem cor
Mas o velho disse-me para duvidar
Sobre o que dizes tu, ser amor...

Um dia na berma do rio
Lá estava o velho sentado
Num banco de madeira vazio
Com o coração nas mãos tragado.

Disse-me que o passar do tempo
Não tinha secado de mim o amor sentido
E que tinha saudades do momento
De lábios de sangue em meu ouvido.

O silêncio ouve o lamento sozinho
Mas não chega o que a palavra mostra
É agora altura de seguir este caminho?
Quero eu saber esta resposta...?

Oh cruel dúvida, oh depurada
Tens tu peito vazio de quente emoção
Mas no fundo desta alma condenada
Era sabido que o velho tinha razão...
Dedicado à primeira pessoa que o leu,
depois de ter sido escrito.

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Hoje vou mudar a minha vida

Cansei-me de tapar buracos aqui e ali para que não deixasse ninguém com feridas. Fartei-me de fingir ser alguém que não sou, na esperança de agradar as pessoas ou ter resultados com isso. Não vou lutar mais por coisas que sei que não vão ter futuro, por mais que tenham sido boas no passado.
Vou aprender a perdoar, a admitir erros e a errar mais vezes também. Preciso de continuar a cair para me levantar cada vez mais forte e começar a olhar as coisas de outra maneira. Ainda mais do que antes, acho que devemos escolher os nossos amigos e conta-los a todos pelos dedos. Não vou dar valor a amizades temporárias e deixarei de cumprimentar pessoas na rua só porque fica mal passar e não dizer nada.
Estive uns tempos distantes por não saber se me identificava comigo mesmo, mas hoje todas as respostas às minhas perguntas surgiram e não ignorarei nenhuma, nem deixarei de ser quem sou porque posso perder com isso. Acho que todos merecemos um tempo só para nós mesmos, e ser tratados como gente. Ninguém merece resignar-se num canto e passar os dias fechado para não ter que sair à rua e ter que lidar com aquilo que as outras pessoas dizem e pensam.
Não vou esperar que o amanhã chegue para tomar decisões importantes e por mais bonito que digam que o orgulho é, é algo que tem de ficar sempre de parte se queremos ser felizes. As pessoas preocupam-se demasiado com coisas insignificantes por causa disso deixam de dar valor aquilo que realmente merece ser valorado.
A nossa vida é como um balão cheio de água; de vez em quando alguém aparece e deixa um buraco por onde um jacto de água teima em esvaziar o balão. Então, nós, seres humanos (ir)racionais esticamos os braços e tapamos aquele buraco com os nossos dedos. Depois aparece outro, e mais outro. E então vem a dor... Não será melhor fazer dela uma pedra?
Afinal, acho que hoje não vou mudar a minha vida. Vou apenas começar a vivê-la da maneira que deve ser vivida. Algo que nunca fiz até agora. Não vou mudar a pessoa que sou, vou apenas ser eu mesmo, algo que já não faço à muito tempo.

terça-feira, 11 de maio de 2010

Ninguém me ouviu


Hoje caí para o fundo
Como que um cão a largar o osso
Entrei neste submundo
Por me ter debruçado no poço.

Aqui onde só reina a morte
Almas perdidas e gritos vazios
Goelas tiradas por corte
Corpos a boiar em rios.

Neste sítio sem nome e morada
Onde ninguém se conhece, ninguém fala
Pede por socorro a desconhecida magoada
E ninguém ouve, como quem cala.

Chamei por ajuda e fiquei à espera
Estiquei a mão e ninguém agarrou
E naquela agua onde dorme a fera
Só um único homem não chorou!

O barqueiro das aguas ao além
Trancou o portão a cadeado
Mas como? Porquê? Por quem?
Porque me deixa aqui naufragado?

Se seguisse de barco teria um caminho
Não ficava a espera no chão frio
Mas no fundo de mim encontrei a luz, sozinho
E segui-a abandonando o rio.

Aprendi, que quando não me vir como alguém
Me cabe a mim escolher o caminho, não o do meu amigo
Que não posso contar com ninguém
Se não comigo.

sábado, 8 de maio de 2010

Apagam-se as luzes da cidade


Apagam-se as luzes da cidade
Deixando despidas de cor as ruas
E nesta escura e negra realidade
Ficam em chama as almas cruas.

Trancam se as portas e os portões.
Um manto de escuridão cobre o céu
E naquela rua aos encontrões
Passa uma sombra como um véu.

Ninguém sabe o seu nome
Ninguém sabe de onde ele vem
Somente ele sabe o que quer
Como ninguém!

Apagam-se as luzes da cidade
Mas aquele homem segue pela rua
Com o peito cheio de verdade
Seguindo somente a luz da lua.

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Passeio da rua


Hoje encontrei na berma do passeio
Um cão abandonado
Que arfava em cada devaneio
Deste ser envergonhado.

Sentei-me ao lado dele,
E enquanto me olhava de esboço
Dei-lhe de comer um pão
Que lhe soube como um osso.

Agradeceu-me com um olhar
De alguém que à dias não come
Ficou comigo até a noite chegar
Só por lhe ter tirado a fome.

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Vagabundo de alma crua

Olha
Obrigado!

Por teres desenterrado o morto
Que no portão deixou urtigas
Espera-te lá o cão solto
Em cada rua que sigas!

Ele tem maças podres na macieira
A quem já as sereias cantaram o seu fado
E caso a mentira causasse cegueira
Tinha o céu da cor do pecado!

Sem um tostão no bolso rasgado
Difama o mundo que o espalma
Há que ter pena do coitado
De tão imunda alma...

domingo, 4 de abril de 2010

Deixa o mendigo passar na rua

Deixa o mendigo passar na rua, perdido, esfomeado. Mendigo morto de saudades, coberto de orgulho, enganado na rua... deixa o passar, deixa-o olhar para mim, deixa o ver-me. Segundo a segundo, em cada passo, trava uma luta constante por se manter de pé. E lá ele passa... cambaleando na rua, com uma garrafa vazia na mão.
Hoje não me importa aquilo que ele pensa, não me importa se vier falar comigo e julgar-me. Não quero saber de ele me quiser culpar. Que ele me atire com pedras, tenho a certeza que não me acertará...
Hoje não me importa o que ele pensa. Quero aproveitar cada momento, quero sentir a chuva tocar-me ao leve na face, acordar na madrugada e correr para sentir o vento. Quero ver as minhas roupas voarem como lençóis e abraçar-me a alguém. Quero que o tempo pare e que aquele momento me pertença até não querer mais. Gostava que as palavras saíssem fluentemente dos meus lábios e de falar contigo sobre as estrelas que hoje o céu não tem, mas isso também não me importa. Não me importa se o céu não tem estrelas, não me importa se está frio, se perdi as chaves de casa ou se não conheço o caminho para voltar. Quero descalçar as sapatilhas e sentir a chuva nos pés, não me importa se me ferir ou acordar doente no dia seguinte! Hoje quero pedir ao tempo que pare, sei que amanha me posso arrepender ou até desiludir... mas aquilo que acontecer hoje só a mim pertence e nunca ninguém vai voltar atrás e apagar o quanto me senti feliz e o quanto pedi ao tempo para parar ou andar mais devagar.
E quanto ao mendigo, que ele passe na rua e me olhe se esgueira, que me difame, que me atire com pedras ou com a garrafa vazia. Que ele me agarre o braço ou arranque os cabelos, porque eu vou larga-lo e mandar-lo embora como nunca fiz antes. Hoje quero-te a ti, por isso deixa o passar mesmo que ele chame por mim, que me olhe nos olhos e me lembre que o conheço melhor que ninguém.

quarta-feira, 17 de março de 2010

(?)

Foste o melhor do meu Verão e o pior do meu Outono, foste o frio do meu Inverno e não serás mais flor de Primavera.

segunda-feira, 15 de março de 2010

Sem título


''Ao menos disfarça com um sorriso, por mais fingido que seja... isso iria evitar que as pessoas te perguntassem se estás bem e talvez assim a tua mente não focasse com tanta frequência os motivos que te levam a estar nesse estado lastimável.''