O tempo arranca cada fragmento de sanidade da alma, cada vez que por aqui passa.

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Doenças e curas

Em certos momentos da nossa vida temos de agarrar no presente e deixar aquilo que temos de mau para trás. A vida, realmente, é complicada, exige demasiada responsabilidade e dá-nos um baralho de drogas e doenças a que nós temos de encontrar a cura. Encontrar a cura pode custar, pode destruir o nosso tempo e desperdiçar a nossa energia. Por vezes, procurar a cura, leva-nos á doença. Passamos uma grande parte do nosso tempo a acreditar que um dia vai tudo voltar a ser como de antes, e que vamos voltar a sorrir e acreditar naquilo que parece improvável.

Aquilo que temos hoje, não é aquilo que tivemos no passado nem será aquilo que temos no futuro, por isso devemos jogar só com as cartas que temos no ‘’baralho’’ e não esperar que alguém nos atire mais umas quantas. Já tive no meu baralho a solução para grande parte dos problemas que tenho agora, e continuei a esperar que essas cartas estejam escondidas no meio das outras. E esperei. E elas não apareceram.

A complexidade da vida existe na responsabilidade que temos para connosco próprios de sermos felizes. Engolir todo o incomodo que as relações do presente têm e ‘’seguir em frente’’ não vai fazer de nós heróis como muita gente pensa. Seguir em frente ou não é relativo, nunca abandonamos partes que nós que ficam para trás. Mas, no entanto, aprendemos com as nossas experiências que fugir não nos torna mais fracos ou fortes. Fugir da dor e do medo em vez de os enfrentar é também um acto de coragem. Caso o façamos, temos de prestar contas a nós próprios e vamos acordar a pensar que fomos cobardes, mas não fomos. Fomos apenas corajosos o suficiente para ir embora do perigo e acarretar nas costas sentimentos de arrependimento ou culpa.

Posso fugir muitas vezes aos meus medos, e hoje é um desses dias. Mas isso não vai fazer de mim fraco nem forte. Vai apenas fazer de mim alguém que desistiu de aguentar com as esperanças e sonhos de que vou encontrar no meu baralho a carta que me vai fazer sair desta droga. Porque, apesar do passado ter sido uma parte de mim, já passou. Agora, toda a dor, felicidade, esperança ou outro momento que tenha passado… São só memórias.

5 comentários:

  1. "A complexidade da vida existe na responsabilidade que temos para connosco próprios de sermos felizes." Não podemos estar dependentes dos outros para a conquista da nossa própria felicidade devemos de a buscar independentemente de tudo e de todos.
    Muitas vezes fugir revela sensatez e sabedoria.

    Gostei do texto!

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  2. Fiz o mesmo: amei, fui feliz e magoei-me, tentei usar uma carta para me esconder, e outra para reparar a dor. Uma parte minha queria ficar no passado e a outra queria seguir em frente... Até que percebi o que precisava, deitei o baralho fora, mostrei a minha dor e agora o passado é passado, memórias desgastadas que se vão de cada vez que a felicidade entra na minha vida, e ler os teus textos fazem qualquer pessoa feliz :)

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  3. "A complexidade da vida existe na responsabilidade que temos para connosco próprios de sermos felizes" Amei esta frase! :) E o texto em si super bem delineado e coerente ! Gostei mesmo*
    Eu sigo-te :)

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  4. adorei! As memórias são o melhor que temos, nunca desaparecem (:

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